sexta-feira, 8 de outubro de 2010

GUARDA-CHUVA


Rua
Pingos
Chuva
Guarda –chuva
Guardo os pingos de chuva
Guardados dentro de mim
Fechados num guarda-chuva
Dreno a água
Rua em curva
Canal escoa confins
Sua
Molhando todas as tuas
Luas
Segredos chorando
Céus cinzentos
Soprando
Girando
Ventania
Destemperando
Chovendo e molhando
Nuvem despetalando
Intempérie sem fim
Escondendo todos os tempos
De chuva, de sol, de vento
Dentro da mesma casa
Ora seca, ora ensopada
Lágrima, dor e marfim
Pingando
Gota a gota
Plinplinzando em minha roupa
Quando louca
Jogo fora
Nua escura
Atravesso ruas
Minha vida matando
Temporal
Lavando todas as coisas
Que levo dentro de mim
Molho em sangue minha alma
Guardada toda encharcada
Em seco coração de Alecrim.

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