domingo, 3 de outubro de 2010

PROCURANDO VIDA NOS ESCOMBROS



Sinto-me como um planeta, onde orbitam muitas luas.
E agora está sem luz, sem cor, sem som.
Quase uma estrela em fase de extinção, apagando, devagarinho...



Continuamos juntando os cacos, tentando colar o que sobrou do cristal; degelando os corpos e tentando – alucinadamente - ressuscitá-los; procurando as vítimas da hecatombe; reconstruindo a devastação; tentando achar pérolas nas ruínas...
E terá, ainda, sobrado algo, eu me pergunto?
Se tudo que se via era desolação, desconsolo? Há um abandono e um desencanto.
Quando se caminha, sente-se que o caminho, atrás, vai desabando. Cai, como um castelo de cartas. Como as geleiras derretem, os castelos desabam, os muros cedem ao invasor, as mentiras também sucumbem à verdade.
Assim, termina a magia. Sem amargura, dor, pranto, nada. Não há o espanto – há o vazio. Há o não-sentir, o não-querer, o não-importar, o não-sofrer.
Somente o coração anestesiado, a mente entorpecida.
A decepção é a vingança do ódio, pois é o avesso do amor. No ódio, há rancor, há o mal-querer. Na decepção, também sofrimento, mas impera o não-sentir.
Certa vez, descreveram a frustração magistralmente. É como se estivéssemos preparados para levantar um peso enorme. Armamo-nos de força, vigor, fôlego e, ao tentar içar o objeto, sentimos que ele é leve como uma pluma. Assim, toda essa enorme energia armazenada, fica dispersa e sem função, sem poder ser canalizada. Experimentamos aquela terrível sensação de desconforto.
Assim é quando nos desapontamos. Nossa energia, nossos sentimentos ficam soltos, ecoam no vazio, sem direção, sem objetivo.
Quando nos desiludimos, o logro afasta o amor.
E não há reparação.

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