sábado, 9 de outubro de 2010

Nascimento


O dia do meu nascimento

Mas não desse nascimento corpóreo, mas sim do nascimento da minha psique.

Como no mito da caverna de Platão, vivi confortavelmente e acomodada numa falsa sensação de segurança. Lugar esse que criei dentro de meu ser para me defender das coisas que não entendia.

Lá permaneci por muitos anos, fiz planos,alguns se realizaram,vivi ilusões, sentia dores que ate então não sabia o porquê, pois na minha ignorância do não saber, estava certo, por que estava protegida de tudo e de todos.

Embora vivesse nesse casulo diríamos assim reconfortante, havia uma briga interna com minha alma, sentadinha ali no meu canto via pelas frestas da caverna algumas luzes, que me atraiam e minha alma me perturbava e reclamava por uma atitude eu lhe dizia:

- fique quieta... Não me cries problemas.

Essa loucura permaneceu por anos, ate que em um dia, comecei a não me sentir mais tão segura dentro da caverna, não acreditava mais no que os outros falavam e impunham como verdade absoluta, eu queria ter a minha verdade, não queria mais a verdade do outro.

Resolvi sair, lembro-me que meus olhos doíam de tanta luz,mas aos poucos fui enxergando,comecei a caminhar por ruas e pensava. Como tudo é grande e espaçoso, pensava como iria fazer sendo que estava costumada a viver num lugar pequeno e apertado, onde diziam o que eu devia ou não fazer.

Agora estava sozinha, eu e meus pensamentos, e agora também com a responsabilidade da escolha.

No começo dessa jornada interior confesso, foi dolorosa, tive que aprender a lidar com a ingenuidade que adquirira na caverna, tomar cuidado com os caminhos, observar e aprender a pensar sozinha. Mas tudo foi válido, como diz o grande poeta Fernando Pessoa-Tudo vale à pena quando a alma não é pequena.

Por vezes senti frio e vontade de voltar... Mas minha alma inquieta e atormentada nunca deixou, levantava questões, me fazia refletir... Algumas vezes faço visitas à caverna tendo dizer aos que estão ainda nela da liberdade de se estar aqui fora, tento mostrar-lhes de que eles têm poder para mudar o que quiserem em suas vidas, através do conhecimento.

Alguns entendem e me estendem a mão vindo comigo, outros dizem... Ficou louca...

Mas de uma coisa eu tenho plena convicção, pago o preço da loucura para sair da zona de conforto que criei para me proteger, não importo o que pensam sobre mim, importa-me que minha alma esteja feliz, ela é o termômetro da minha felicidade e da minha realização.

Por enquanto ela tem se comportado, não anda me trazendo problemas... Acho que esta feliz.

Porque permiti que realizasse seu propósito desde meu nascimento, que a deixasse viver. Viver Intensamente!

Sandra Vieira

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