quarta-feira, 29 de setembro de 2010
Minha velha tapera... - por Rosana Corrêa
Nas minhas palavras...
Há tempos em que às vezes me sinto fora do mundo
Inadequada, estranha
Não compartilho de certas idéias, certas ideologias que regem esse mundo
Fico a pensar por tantas vezes e a refletir sobre esse assunto
Que muitas vezes me assusta, mas ao mesmo tempo me faz seguir adiante
A vida cobra-me atitude
Porque sei da minha responsabilidade sobre esse mundo
E minha alma grita por mudança, por renovação
Busco uma forma de expandir meu grito
Encontro nas palavras
Nela ganho forças, divido meus sonhos
Coloco os meus sentimentos, meus desejos
Minha indignação
Minha lucidez e minha loucura
Esta tem se tornado grande amiga e conselheira de madrugadas a fora
Tem me mostrado o seu significado, ao mesmo tempo a sua camuflada ausência
Pois o silêncio também tem sua forma peculiar de falar.
E assim caminho, observando
Refletindo nas palavras, refletindo no silencio delas,
Refletindo no efeito que elas provocam nesse mundo e nas pessoas.
Buscando respostas, trazendo respostas, nessa louca troca, entre saber e nada saber.
Nesse grande mistério entre ser mestre e aprendiz.
Sandra Vieira
terça-feira, 28 de setembro de 2010
(Des) Fecho - por Themis Groisman Lopes
Abrir velhos baús de documentos nos faz coçar o nariz e,quem sabe, seja essa comichão o gatilho de tantas lembranças:
Poeira me coça o nariz.
A melancolia coloca-me
diante do baú e
deixo-me embriagar
pelo cheiro do mofo e
de lembranças passadas.
Elas alagam meu ser.
Aberto tesouro guardado,
salta aos meus cansados olhos
o poema que te escrevi.
Que nunca mandei.
Relido várias vezes.
Emana dele
o cheiro de tua alma
em minhas vestes,
os sentimentos expressos
em minha poesia.
Era uma carta de amor.
Pueril?
Quem sabe.
Desabafo?
Talvez.
Tristeza?
Também.
Abrir velhos baús de documentos nos faz coçar o nariz e, quem sabe, seja essa comichão o gatilho de tantas lembranças:
Lembranças que teimam
em retornar,
que trazem
consigo momentos
poéticos esquecidos,
pelo medo do sofrer.
São aromas que
atingem meu ser,
enquanto a intensidade
das lágrimas pelo
passado perdido,
pela saudade sentida,
inundam o baú.
O tempo cerra o tampo.Angústia - por Themis Groisman Lopes
A Procura - por Themis Groisman Lopes
Caem as contas
do colar de pérolas.
Corres a juntá-las,
uma a uma.
Escorrega pelos teus
frágeis dedos
a lembrança do
querer perdido.
Impossível recompor.
Percebes então,
que não são
mais pedras.
São lágrimas
de saudade,
pelo tempo
não preenchido,
pela palavra
não pronunciada,
pela vida
não vivida.
Tarde demais.
por Themis Groisman Lopes
Aperto - Por Themis Groisman Lopes
Ele vem se aproximando com um sutil sorriso nos lábios, que me fazem estremecer. Há exatos dez anos, ele era imponente, altivo e com uma vasta cabeleira castanha que parecia eterna, tamanha a densidade e a força dos fios.
Começo a suar no meio dos seios, minha boca fica seca. Só consigo enxergar em câmara lenta, os passos agora pesados; o corpo opulento e flácido; a cabeça careca; os olhos injetados e fixos em mim.
Enquanto o som dos aplausos retumba ao meu redor, a iminência do encontro com meu professor de cálculos é certa e assustadora. O desconforto embrulha meu estômago. Só me dou conta da razão de minha situação de pânico, quando sua mão já quase toca a minha: esqueci seu nome, só lembro seu apelido e, é ele que temo com todas as minhas forças. É o professor que me remete às lembranças das jovens alunas procurando esconderijo, no bar do campus, para se esquivar do contato com esse homem, que hoje recebe um merecido prêmio, recompensa de anos de dedicação e esforço.
É engraçado, como o jeito desagradável, porém longe de ser insuportável, de determinadas pessoas de nossa juventude, ficam gravadas em nossas lembranças, fazendo toda emoção de outrora, voltar com força e grandiosidade. Aquele homem jamais sonhou com a reação que provocava em suas atentas alunas, pois além de bom professor, era gentil e atencioso.
Agora, cá estou eu, esperando o respeitoso aperto de mão de alguém que é digno de minha admiração e reconhecimento. Alguém que merece ser chamado pelo nome, que seus pais escolheram para acompanhá-lo e honrá-lo.
Os olhos injetados se rasgam, acompanhando o imenso sorriso. A mão aperta forte a minha, e sinto dois beijos estalados, cada qual em uma bochecha. Retribuo o sorriso e o aperto de mão. Um “parabéns” esganiçado sai, seguido de um sacolejar repetido de minha cabeça, dando ênfase a todo contexto gestual, na tentativa de disfarçar a minha desconcertante falta de lembrança. Ele não percebe. Agradece emocionado, quando lhe chamam a atenção do outro lado. Pede licença e se retira.
Saio devagar, me encaminhando às plaquinhas que indicam o banheiro.
Entro, olhando resignada no espelho. Puxo duas toalhas de papel, depois mais duas.
Enquanto limpo meu rosto, lembro seu nome: Cesar Augusto, o famoso “Baba Bochecha”.
Por Themis Groisman Lopes
Aprendendo...- Por Themis Groisman Lopes
segunda-feira, 27 de setembro de 2010
Acelerar a vida
Não vou me acovardar.
Em meus sonhos
O que seria de nós sem os sonhos.
O que seria da minha alma sem eles...
Meus desejos... Minhas loucuras.
Meu querer e meu viver.
Vou onde quero, conheço lugares.
Pessoas. Seus cheiros. Suas cores.
Suas histórias...
Meus sonhos me levam onde eu quiser
Viajo em meus pensamentos.
Sou dona absoluta dos meus devaneios
Compartilho.
Ou não...
È neles que encontro razão para conquistas
Porque consigo ir além, visualizo meus objetivos.
Neles sou rainha
Mando e desmando em minhas loucas viagens transcendentais.
Que dádiva poder sonhar
Sonhar é antecipar objetivos
È se deleitar com o que esta por vir
È planejar e se deliciar com essa caminhada
Por mais difícil que venha a ser
Por mais que me dêem motivos para deixar de sonhar
Nunca abrirei mão desse direito que me é dado pelas mãos divinas
O êxtase de sonhar.
Sandra Vieira
domingo, 26 de setembro de 2010
ANTES
Havia o verbo. Havia a luz.
Havia o som. Havia o ser.
Havíamos nós.
Na letra e música - sós.
Aperte o nó: cabemos em nós mesmos.
Olhemos para dentro - somos pequenos.
Não estamos sós.
Basta ver o que fazemos: mesma estrada, mesmo pó.
Faço um verso no inverso
Do teu universo
Tu és apenas o reverso
Do meu espelho.
Tua luz se fragmenta
E te desintegras
Não é mesmo?
Vagamente te assemelhas.
À poeira das estrelas.
Se juntarmos tudo,
Novamente seremos dois,
Na plenitude de um,
De tudo que volta ao começo
O verbo Ser,
Que se fez Luz,
Que gerou o Som,
Que geramos nós
Na música os atamos
E soltamos, para dentro de nós mesmos.
Estávamos sós no universo.
Não mais estamos.
PINTURAS DE PENA E PINCEL
SERENIDADE E BELEZA
Acordei,
Inundada em paz
E melodia,
Um manto de estrelas
Me cobria,
Com uma luz lilás
Me inebriava.
E quanto mais queria,
Quanto mais tentava,
Menos conseguia,
Mais desesperava
Tentando entender
De onde surgia
O estranho poder
De tanta energia.
Encontrei a calma,
Quando descobri
Que eram apenas
Teus versos,
Que cantavam,
Iluminando minh’alma!
ARCABOUÇO
Em cima daquela torre
O músico e a bailarina
De noite tomavam porre
De dia faziam rima
Desciam pelas escadas
Cantavam pelas esquinas
Voltavam embriagados
Num rastro de purpurina
Até que a ventania
Desnudou a bailarina
Destruindo a melodia
Arrancou-lhe a fantasia
Poeta bebeu saudade
Vagou pela noite fria
Trôpego pela cidade
Procurando a bailarina
Não encontrando pousada
Procurando companhia
Voltou à torre encantada
Mas só fantasmas havia
E o poeta, em sua sina,
Subiu à torre e maldisse
Seu amor pela meiguice
Da lânguida bailarina
Assim, de dor consumido,
Foi descendo aquela escada
Caminho tão percorrido
Junto de sua amada
Até encontrar o porão
Onde ficou para sempre
Prisioneiro de si mesmo
De seus sonhos, da canção
Prisioneiro do amor
E da imensa solidão.
DAS DOZE
Passaram-se doze primaveras.
Ou teriam sido doze meses apenas?
Não sei...
Doze dias,
Doze beijos,
Doze saudades,
Doze pensamentos loucos,
Doze desencontros,
Doze quilos a mais
Ou a menos,
Doze mechas grisalhas,
Doze dores lancinantes.
Não importa!
Doze horas te devolveram a mim.
E descobri que um ano não foi nada.
A mesma primavera que te levou,
Trouxe-te de volta
(pois havia pássaros em meu jardim).
Era como se o tempo
Houvesse estancado.
Morreram as saudades, as dores
E os desencontros.
Renasceu o desejo desesperado,
Doze vezes sufocado,
De ficar junto de ti.
Portugal – Brasil: dois países, um só coração!
Bela alma doce e amiga.
Quanto mais conheço o povo maravilhoso, fraterno e acolhedor que é o português, mais fico encantada.
Todos os amigos, que encontrei, através dessa mágica ponte virtual, e estão do outro lado do oceano, são iluminados e têm o dom da generosidade. Cada um - com sua beleza única - é exemplo vivo disso. Trocamos empatia, afeto e abraços, que atravessam essas águas, unem nossas mãos, nossos corpos, nossos corações. Parecem bater em uníssono.
Quem pode explicar essa maravilha?
Muitas vezes parentes próximos, amigos de anos não nos vêem com tanta frequência, não nos telefonam, não sabem tanto de nós. E há outros tantos, sinceros, corações esplendorosos cheios de fé, de querer bem que nos procuram diuturnamente. Na maior parte das vezes, nas atribulações diárias apenas para dizer: “Olá, como vai?” ou “Estou aqui, não esqueça que lhe quero bem...”. Quanta delícia, quanto conforto, quanto carinho! São tão belas e autênticas as demonstrações de afeto, que chego a ler em voz alta, imitando o sotaque ‘arrastado’ (para nós, brasileiros) da pátria-mãe, Portugal. Para sentir o cheiro do leite materno, para sentir o calor morno de seu colo, o afago em meus cabelos, o carinho, o abraço, quando choro. E ele me vem – sempre – na hora certa. No momento exato em que mais necessito. Como eles sabem? Não me perguntem. Sigam o rumo de seus próprios corações (como o tão gaúcho “Canto Alegretense”).
Ultimamente, em fases de algum sofrimento, além dos grandes amigos do mundo real (que são o esteio de minh’alma), não me questionem como, os fantásticos portugueses estavam lá – firmes e fortes. Não sei como sabiam que eu precisava deles. É sentimento. Sintonia fina. E não deixaram meus pilares ruírem. Abasteceram minha vida de fé, amor, esperança, coragem. Deram-me lições de vida. Tantas vezes fiz isso pelos outros. Era eu a usina de energia de meus amigos. Partilhava minha força e alegria de viver com meus semelhantes. Jamais imaginei que o Criador me fosse conceder a graça de volta. Ela veio, um dia, de tão longe. E chegou tão forte como se estivesse dentro de mim mesma.
Abençoado povo português!
Agora entendo o porquê da língua, nossa musicalidade, nossas nostalgias, nossos gostos, nossas similitudes, nossos afetos. São as raízes que nos unem, caros amigos. Deus plantou isso. Haveríamos de ser um só povo, um só coração.
Carmen Macedo
Encontro
Não sei ao certo onde chegarei.
Só sei que procuro encontrar-te,
nas terras que fertilizam,
nos mares que ondulam sonhos,
nos ares, onde voam quimeras.
A saudade deixou vincos profundos,
a ausência, sentimentos de não mais ver.
Continuo trilhando a estrada do possível
encontro.
Quem, sabe ,então, nós dois
desbravaremos terras, mares e ares,
tranformando o sonho tão desejado,
na certeza do nunca mais
desencontro.
Themis Groisman Lopes
Acontecer
De mãos dadas
lado a lado.
Um descompasso
a separá-los.
Querendo encurtar
distâncias
e o destino
a aumentá-las.
Tão beve
quanto finito
poder sonhar
e conceber.
Esperando
tão somente
que o amor
eterno ausente,
transformado
em semente
brote um dia,
de repente
e se torne
eternamente
teu presente.
Themis Groisman Lopes
Viajando...
sábado, 25 de setembro de 2010
Mamãe Dindinha
sexta-feira, 24 de setembro de 2010
Proximidade
Será apenas uma imagem?
Lembrança....
Ah! Você parece tão perto...
Mas ao mesmo tempo as certezas o levam para tão longe...
Longe onde não posso estar...
Longe onde não posso ver...
Mas lembrar me faz sentir...
Faz-me navegar nas profundezas de que fomos juntos.
Faz-me viajar em cada curva do teu rosto,
Do teu olhar, e do teu sorriso incerto.
E faz-me crer que és especial a mim, sem igual.
Em um mundo onde pessoas parecem seriadas...
Então me pergunto!
Onde estás agora?
O que estas fazendo?
Em cada verso aqui escrito, te sinto tão presente!
Mas tudo que tenho é a lembrança...
As incertezas são as certezas desta vida.
Onde às vezes esperamos o que nunca vai chegar.
Mas eu fecho os meus olhos, e em silêncio me lembro...
Estranha sensação de vulnerabilidade...
Hoje me frustrei...Expectativa criada...
Errei. Esperei. E não tive...
(Parafraseando Tiago G)
Andreia Bossoes
Hoje
Olho-me no espelho, objeto há muito proscrito por não querer ver, reflete a imagem da pessoa que não mais pensei ser. Não procuro ver rugas, nem vincos. Aparece uma mulher bonita, que nunca fui. É uma beleza interna que transparece através da reflexão, transmudada numa figura esbelta, com um sorriso cativante, e olhos muito luminosos permitindo enxergar ao redor. Eles também brilham por ver a beleza que estava escondida dentro de mim.
Nunca pensei ser um Newton na descoberta da lei física da atração, nem um Monet impressionista . Mas senti uma atração muito grande pelas refletidas imagens e uma vontade de colorir cada vez mais a natureza. Senti-me amando todas as pessoas, que me amam ou não, almejando a união, o diálogo, e cuidando dos animais com o maior desvelo.
Fui à sacada, onde estão plantadas em antigos vasos, rosas e orquídeas e com um a alegria incrível constatei que as mesmas estavam desabrochando para a Primavera. Era como se estivesse num jardim florido, envolvida num aroma sutil e ao mesmo tempo, marcante envolvendo todo o meu ser.
Descobri, hoje, que cada pedacinho do solo que piso, é obra de um criador, de um artista. Olhando para o peitoril, onde repousam folhagens, plantados com muito zelo, vejo um ninho de um Beija-Flor. Um filhote recebe alimento que sua cuidadosa mãe. A cena enternece meu coração.
Quando a noite desperta, a lua cheia, lá no alto, me cumprimenta com um sorriso faceiro. Eu a reverencio como o mais significativo presente dos céus. Olhando o horizonte que se descortina aos meus olhos, vislumbro um mundo de Paz. Um mundo onde os homens de todos os continentes e regiões estão de mãos dadas, brindando a união dos povos e ao término das lutas, da ânsia pela riqueza e pelo poder e da discriminação. A tranqüilidade também reina no meu pensamento e no meu sentir. Nada mais é feio ou sem graça. Em tudo há formosura, tantas vezes ignorada. Querendo a gente encontra.
Os amigos? Verdadeiros anjos que descerram à terra , para colocarem a mão no meu ombro, me valorizando,e me convidando a estabeler um vínculo afetivo indissolúvel. Se um dia me senti magoada, ressentida ou desconsiderada, entendo hoje, que não sou um planeta, onde em torno mim, girariam os satélites. Sou apenas mais uma estrela pertencendo a uma constelação, entre tantas outras, que constituem o universo.
Descobri hoje, uma mulher amadurecida, com vivências indescritíveis e muitos sonhos a concretizar. Descobri hoje, o que há de mais significativo: o amor. Ele me levou pela mão e, fez acreditar na sua existência. Assim eu perdi o medo de amar.
Hoje, eu fiz a maior descoberta de todas: eu sou perdidamente apaixonada pela vida.
Themis Groisman Lopes
Dias Cinzentos
Da alegria, das cores vibrantes.
Do ritmo em bossa nova que toca em meu coração.
Ainda assim, não fugirei de mim.
Farei companhia à melancolia que me visita hoje.
Ficaremos juntas em silêncio...
Não que eu seja apaixonada por nuances tristes...
Mas eu as respeito...
Aprendi que tenho que levá-las em consideração.
Meu Ser não nasceu para ser triste.
E convenceu minha alma, razão, percepção.
Tudo em mim sabe que sou Alegre.
Essencialmente alegre.
O que não impede a visita intermitente da tal melancolia:
“Seja bem vinda querida, mas, por favor: não se demore”.
E o respeito e amor por mim impelem-me a estar comigo mesma...
Com qualquer humor, com qualquer razão...
É bem feliz saber que posso contar comigo nestas situações.
Entende-me?
Por Andreia Bossoes
Palavras
O tempo é o vão............
Velho tempo,
pensas que me enganas
que estás a passar
estás estaqueado
quem passa sou eu
troco de vestes
assisto guerras ,ouço falar de paz,
onde eu estiver mudo teu cenário , tu inabalável ficas a assistir
nada invento, nada crio, tudo já sabes, ja assististes
num tropeço, desvendo teus segredos
guardas as Eras me fazes ver o que eu era
ocultas meus caminhos
percebes a ira
assistis a tudo, mas nunca passas...
inventaram as horas, relógios prá te marcar e mesmo que parem tu estás lá
no fundo, de nossos fundos sem fundo,
és imune, nada te trava, nada te adianta
retratas espaços inexistentes
assistis transformações quieto, taciturno
e num galope rasante, me atiro ao encontro do nada
o nada que escondes o nada que fazes
no teu ócio na espera insana de teu passar e o tudo que nunca farás , pela inexistência que tens
me fizeram crer que passarias, por comodismo, por utopia
mas a muito já descobri tua armadilha
és irmão de um livre- arbitrio que me cederam, parente da democracia discursada
tantos caminhos, tantas opções....
brincam comigo ,brincam com todos ,vivemos atados,prisioneiros, por sútis correntes invisíveis
cartas marcadas, destinos traçados de apenas um caminho, uma verdade
de várias vidas fingidas em ser um outro um outro alguém,um outro nome
mas só tu sabes....
somos os mesmos
forneces cordas limitadas, invisíveis
te fazes de santo
me atiro no canto sei teu segredo e sabes dos meus
te deixo de lado reescrevo teu cenário, em teus espaços que dizes vazios
não és mais que eu
nem eu mais que tu
mas personagens,de um ciclo de vida...que insistes
te fazes de ancora, no oceano da vida tão fundo, tão atraente, exposto e desconhecido
eu viro iceberg a passar por ti a navegar esse oceano
mas nós dois prisioneiros sabemos o que somos e onde irei...
tu ficarás inerte a ver passar
Velho tempo...tão velho quanto eu tão escravo quanto tudo e todos
mas guarda em silêncio tudo que assiste não participa....apenas assiste...
calado....
Rosana Corrêa
PANO PRA MANGAS
Também não é novidade que, proporcionalmente ao volume de fazenda utilizada na confecção das roupas, foram diminuindo o número dos manequins.
Na ditadura da anorexia, uma mocinha que use manequim 42 será considerada obesa. No meu tempo, 40 seria raquítica.
Li, certa vez, que os costureiros inventaram essa onda dos manequins menores e, consequentemente, das mulheres magérrimas que caibam nesse tipo de roupa, para gastar menos matéria prima e para que as coleções fizessem menor volume ao serem transportadas.
Como estilistas são artistas e todo artista tem um quê de genial e louco, vai saber...
Resolvi encarar com bom humor os novos ditames impostos pelo mundo fashion atual.
Quando chego a uma loja, após verificar a vitrine, poluída de belos e minúsculos modelos daquilo que imagino não serem para mim, pergunto de antemão se vendem roupas para adultos também. Normalmente é risada geral. Tenho cúmplices!
Se as balconistas estiverem desatentas, completo, desafiadora: Na vitrine só vi roupas da sessão infantil e quero para o meu tamanho...
Assim, já poupo o stress de ouvir a solene resposta de sempre:
- Não, nós não trabalhamos com tamanhos grandes.
Outro recurso que venho empregando é, ao ser atendida, ir logo perguntando onde fica a sessão “BG”, ou seja, “Baleia Gorda”. Diversão garantida! Se não houver manequins grandes, pelo menos nos despedimos todas rindo, o que nos previne rugas.
Só que todo este “jogo do contente” não dura para sempre.
Acabo chegando à triste constatação de que os tamanhos são sempre os mesmos, em todos os lugares:
U = Unicamente para magras
PP = Pouco Pesada
P = Pequeníssima
M = Menor do que você imagina
G = Geralmente não cabe em você
GG = Garota Gostosa
EXG = Extremamente gata
E agora?
Volto para casa de mãos vazias.
Na cabeça, o velho slogan:
“Emagreça e apareça!”
Carmen Macedo
ARCABOUÇO
Em cima daquela torre
O músico e a bailarina
De noite tomavam porre
De dia faziam rima
Desciam pelas escadas
Cantavam pelas esquinas
Voltavam embriagados
Num rastro de purpurina
Até que a ventania
Desnudou a bailarina
Destruindo a melodia
Arrancou-lhe a fantasia
Poeta bebeu saudade
Vagou pela noite fria
Trôpego pela cidade
Procurando a bailarina
Não encontrando pousada
Procurando companhia
Voltou à torre encantada
Mas só fantasmas havia
E o poeta, em sua sina,
Subiu à torre e maldisse
Seu amor pela meiguice
Da lânguida bailarina
Assim, de dor consumido,
Foi descendo aquela escada
Caminho tão percorrido
Junto de sua amada
Até encontrar o porão
Onde ficou para sempre
Prisioneiro de si mesmo
De seus sonhos, da canção
Prisioneiro do amor
E da imensa solidão.
*Para Ludmila Rodrigues e Wander Bêh
Carmen Maceco
Quebra-cabeça
Como a vida tem me surpreendido!
Quando imaginaria que, numa rede de relacionamentos, conheceria pessoas maravilhosas e afins?
Hoje, neste exato momento estou hospedada na casa de uma que , de tão linda, é ùnica.
Tento achar explicação para toda essa "loucura" e quanto mais penso menos entendo.
E não tenho que entender mesmo, apenas sentir e viver esse encontro marcante.
Quão linda você é, minha amiga!
Se, hà muito, dizia que éramos irmãs, agora posso acrescentar mais. Somos irmãs gêmeas, univitelinas.
Quiçà clones.
Quanta identidade!
Sentimentos!
Alegria,loucura,anseios,necessidades.
È...
Somos irmãs...
Daquelas unha e carne.
Não esqueço os outros que encontrei.
Todos maravilhosos, especiais.
Descobri que não tenho nacionalidade.
Sou universal.
Amo a todos e de todos os cantos.
Talvez ,por isso, sinta-me um peixe fora d'àgua.
Sou peça de um quebra-cabeça que, se completarà, à medida que encontrar as outras.
Està apenas começando.
Essa é a experiência mais marcante e inesquecivel que jà fiz.
Tenho certeza que é a primeira de muitas.
Meus irmãos de alma estão por todo lado e, ao que tudo indica, é chegada a hora de nos encontrarmos.
Pode parecer loucura, insanidade, mas que é a vida senão uma gostosa maluquice?
Margarete Martins Araújo
quinta-feira, 23 de setembro de 2010
Primavera
quarta-feira, 22 de setembro de 2010
Existiriam?
Paulo era um garoto de 15 anos que morava numa cidade do interior. Pacato e estudioso, convivia muito com sua prima Rosana, alguns meses mais velha do que ele. De uma hora para outra, começou a sentir uma atração acentuada por ela. A garota tinha receio de aproximar-se de qualquer rapaz, embora sentisse curiosidade. A mãe sempre a alertara em relação aos homens, dizendo que tivesse cuidado. Só queriam se aproveitar das mulheres e largá-las como objetos descartáveis. Poderia ser verdadeiro o conselho materno.
Tão teimoso quanto bonzinho, Paulo se aproximou mais da prima através dos livros. - Ambos gostavam de leitura- Estavam sempre na biblioteca. Ele a elogiava, procurando seduzi-la usando todos os artifícios possíveis, como muitos homens soem fazer. Rosana não queria aceitar, mas, na verdade, apaixonou-se. O romance aconteceu. A adolescente ficou totalmente embevecida. O namoro era às escondidas, pois tinham certeza de que os pais não aceitariam o fato, por serem primos.
Não demorou muito para o primo notar que existiam outras gurias mais bonitas, saias mais curtas, decotes mostrando seios fartos e tentadores. Acabou descartando a prima, como uma cueca usada, bandeando-se em busca de novos sabores e odores. Legítimo Don Juan. Rosana, humilhada, lembrou dos conselhos da mãe: homens não prestavam. Decidiu atirar-se para qualquer rapaz, pulando de um para outro, tal qual uma pulga. Deixando picadas. Provaria que os homens podiam ser mais dispensáveis do que qualquer mulher. Paulo dizia para os amigos que felizmente deixara aquela galinha. Rosana, de tantas aventuras amorosas sem a mínima cautela, ficou grávida. Não sabia de quem era o filho. Nem estava interessada em saber. Ficou feliz quando percebeu que, verdadeiramente, o que desejava era ser mãe. Os homens que ficassem sofrendo, sem saber quem era o pai. Mesmo que descobrisse, jamais contaria. Estava realizada. Afinal, conseguira vingar-se do primo e consequentemente dos homens.
Na véspera da Páscoa, Paulo e Rosana se encontraram num bar da noite. A garota com uma barriga de sete meses. Olharam-se com surpresa, com ódio, com amor. Pairou no ar uma dúvida: ainda existiriam contos de fadas?
Themis Groisman Lopes
Hoje, apenas, hoje.
mar revolto,
escondo meu relicário.
As ondas rebeldes
querem roubar
meus segredos,
que foram
consagrados no
altar do
meu sofrimento.
Mar, amigo
e carrasco
por que me
maltratas assim?
Bem sabes
que meu amor
foi sempre infinito
por ti.
Tragaste minha
feliz infância,
enquanto em
tuas águas
me banhava,
esperando o amanhã
que viria, solitário
para lavar minha alma.
Oh ,mar, por que?
Fizeste naufragar
minha juventude
sepultando-a na
tua imensidão.
Agora queres
também levar
os meus sonhos?
Não!
Eles são
muito meus.
Acalentados por
uma vida inteira,
mesmo sem saber
se um dia
seriam reais.
Mas são os
meus sonhos.
Ninguém os
tirará de mim.
Neles dorme
a criança que
fui,um dia.
Neles repousa
a juventude que
não foi.
Mas são
os únicos
que me restam.
Palpitantes
Acariciados.
Guardados no baú
da minha
maturidade.
Foram a
minha vida
e serão a
minha morte.
Pelo menos
hoje, meu mar
faz de conta
que são meus
e deixa-os
comigo
Themis Groisman Lopes
Simples (mente) Mulheres
quanto amor no olhar
quanta verdade no sorrir.
Quantos sonhos já vividos
quantos sonhos por sonhar.
Quantos desejos supridos
e quantos por desvendar.
Verdades que gritas por dentro,
vaidades retraídas, extravasadas.
Mulheres guerreiras, batalhadoras,
diplomáticas, Mulheres, queridas,
Mulheres destemidas
Mulheres “rodadas”
mas simples (mente) M U L H E R E S.
Mulheres meninas
que não perdem a inocência,
meninas Mulheres
que desabrocham
antes da adolescência.
Acerca de ti Mulher
não há muito o que falar
apenas há que sentir
tão pouco há o que julgar,
nem tentar te definir.
Cada uma com seu jeito,
todas elas desiguais,
todas com dias perfeitos,
outros dias infernais.
Todas são indecifráveis
A um olhar masculino
que às vezes em vez de HOMENS
tornam-se "Omens".
Mulheres que os fazem perder o tino
ficar de olhos virados
de pedir ajoelhados
com expressão de menino.
Mulheres com sex-appeal refinado.
Mulheres "menina" com olhar de sedução
Mulheres "feiticeira" para agarrar o coração.
Mulheres que mesmo desnudas provocam admiração.
Cada uma com seu substantivo,
Mulheres mães, amigas,
Mulheres multifunções,
Mulheres sensíveis,
Mulheres guerreiras,
Mulheres invisíveis.
Mulheres que poucos homens
conseguem compreender.
Mas simples(mente) mulheres.
Mulheres sem as quais os Homens,
dizem não conseguir viver.
Cristina Costa
Marcas do tempo
São marcas de uma trajetòria percorrida com garra e vontade de viver.
Como desprezà-las?
Elas se confundem comigo. Seria como apagar parte de mim.
Pode não ter sido o melhor, mas eu vivi.
Fiz o que achava certo.
Com os erros aprendi.
Cresci.
Os acertos deixaram-me mais confiante.
Tudo isso està aqui, no meu corpo.
Olhando no espelho, vejo-me bela.
Meu corpo não é escultural, mas tem contornos ùnicos que me remete ao passado.
Posso assistir, através dele, ao filme da minha existência até aqui.
Volto à minha infância, adolescência e vida adulta.
Interessante ver que não sinto tristeza.
Ela dà lugar ao orgullho de ter sido forte o bastante e superado os momentos difìceis.
Hà tambem alegria e paz.
Sentimentos puros e sublimes de acontecimentos maravilhosos.
Hà uma marca especial que me enche de alegria, prazer e êxtase.
A da maternidade!
Sentimento ùnico, especial e divino.
Como não gostar e até mesmo me encantar com minhas marcas?
Impossìvel!
Elas revelam que me tornei mais madura e experiente.
Desejo que venham outras e que possa sempre me orgulhar.
Enxergar nelas traços do Artista que me desenhou com todo Amor e continua aprimorando Sua obra!
Margarete Martins Araujo
AS RUGAS DA ALMA – Como fazer uma plástica?
A partir do poema que postei, intitulado Dores e Lembranças, e dos excelentes comentários de tantos amigos inteligentes que vieram acrescentar suas idéias e trocar experiências de vida, vi-me refletindo mais profundamente sobre o tema.
É verdade insofismável que todos nós, um dia, envelheceremos. Nascemos envelhecendo, minuto a minuto. É a trajetória inexorável da vida. O tempo cumprindo sua missão. Olharemos nossa face no espelho e veremos outra imagem diferente da que fazíamos de nós. Veremos apenas um vago reflexo do que fomos um dia. A pergunta será inevitável: onde foi parar meu viço, minha beleza?
Muitas pessoas desesperam. Entram em verdadeiro looping, não aceitando o passar do tempo. Há verdadeiras legiões de almas desassossegadas que buscam resolver suas carências e tristezas em clínicas de cirurgia plástica e rejuvenescimento. Existem hordas de novos pacientes, todos os dias, abarrotando consultórios e buscando - através de milagres com fórmulas, chás, exercícios pesados, novas dietas e tantas outras maluquices - a eterna fonte da juventude. É o culto à beleza. Velhice é out. Será mesmo?
Importante lembrar que cada fase da vida tem suas delícias e seus encantos. Parece que estamos esquecendo isso, às vezes. Em cada ruga, cada sulco que nos acompanha, há uma marca a ser cultuada também – realizações, dificuldades, etapas vencidas arduamente, tristezas que superamos, recordações que não devem ser apagadas como se usássemos o fotoshop para tudo.
Jamais condenaria quem fez, faz ou fará cirurgias plásticas ou procedimentos estéticos. Todas nós recorremos a essa bênção da medicina, até mesmo com fins reparadores. É bom e saudável cuidar do corpo para sentir-se bem e feliz. Mas dentro de critérios e parcimônia. Desde que não se transforme em vício, obsessão.
Na realidade, a grande distorção de imagem do final do século passado e do atual é que o sonho de consumo passou a ser a reforma externa. Desaprendemos o ritual de cultivar a beleza interna. Antes da plástica, deveria ser necessário que se fizesse uma reforma íntima – de valores, princípios, espiritualidade, compaixão, fé, amor. Uma verdadeira revolução dentro de nós mesmos, buscando nossa beleza interior no sentido mais abrangente.
Com a idade, avançamos, crescemos, progredimos. Beleza exterior é uma roupa que velha, de repente, já não nos serve mais. O exterior, como continente, serve de invólucro ao conteúdo. É casca. Perece.
Não trocaria meus 50 e alguns de hoje pelos 20 e poucos de ontem. Tinha carinha de princesa. A cabecinha era até aproveitável, mas o conhecimento e a experiência que possuo hoje dão de 10 a zero na menina. Se pudesse, voltava com 50!
Idade nunca foi sinal de feiúra. É sinal de amadurecimento, serenidade, bom-senso, sabedoria adquirida.
Concluo que só é feio quem não se ama.
Carmen Macedo
Reflexo
Hoje olhei-me em um espelho.
Vi um carvalho, neste dias em que o termômetro marco o zero negativo.
Sua copa estava alva, pelos flocos de neve que se acomodaram lentamente.
Sim, estas são as marcas de uma vida com muito pouca rotina.
Os cabelos já não estão castanhos como a algum tempo.
No princípio era majestoso, com muitos galhos, folhas e frutos.
Agora, são poucos os galhos, quase não existem mais folhas e quanto aos frutos, o último caiu e com ele levou a esperança de renascimento de outro.
Olhei-me em um espelho.
O futuro já não existe, pois o que sobrou no presente é o reflexo de um duto e simples, triste e feliz, amargurado e terno passado.
Olhei-me em um espelho.
Agora, porém, olho-me diretamente e analiso seus traços.
Já não são mais reflexos, pois agora assisto o que ocorre no passado, o que se passa no presente e o que permanece no futuro.
Soltei meu desabafo: Ufa!
Exalto a glória do acontecimento:
Finalmente estou vivo....
Silvio Belbute
Saudades
passamos quase uma vida juntos, mas parecia que mal nos conhecíamos
deixei de te falar e ouvir muitas coisas....
queria ter proporcionado mais alegrias... mas sei que te magoei..
por rebeldia, fui além do esperado, e você esperando...
mas não foi por mal.
foi por imaturidade.
agora ao olhar e lembrar de teus traços recordo que deveria ter feito todo o melhor
imaginei que teria muito mais tempo....
para gritar, escrever e mostrar todo meu amor...
e a saudade que sinto de ti é imensa...
quisera ter feito muito mais....
mas acho que fiz tudo que estava ao meu alcance...
pena que em seu último dia cheguei tarde para lhe dar o último beijo.
mas pode ter certeza quando vejo meus filhos vejo sua semelhança...
meu querido pai..
Cintia J Souto
terça-feira, 21 de setembro de 2010
Lembranças de uma janela que não me pertence mais.
Lendo o que o senhor escreveu neste espaço, com o título “Uma gaiola aberta para o mundo” (ZH Moinhos de 22/1), a respeito de sua nova morada na Rua Marquês do Pombal, me senti lisonjeada. Até emocionada, arriscaria dizer.
Morei nesse apartamento, ao qual o senhor dá essa denominação tão carinhosa, por mais de 20 anos. Ali criei meus filhos, levando-os ao colégio todas manhãs, ao inglês, à escolhinha de futebol, à natação, sem nunca precisar sair dos limites do bairro.
O Zaffari me acompanhou todos dias dessa trajetória. A dona Edith Travi, com seus maravilhosos iogurtes. A Primavera, com seus sanduíches incomparáveis, e o Santo Antônio, com seus suculentos filés. Sem falar na pracinha Maurício Cardoso e no Parcão, onde eu levava meus filhos e os cachorros para brincar.
Nele, fui casada e descasei. Lutei contra preconceitos em uma época em que mulher sozinha não era respeitada. Muitas portas se fecharam, mas devo reconhecer que isso serviu para meu crescimento pessoal. Pessoas se afastaram de mim, outras tantas se aproximaram. Fiz grandes amizades, que permanecem até hoje.
Os passarinhos que o encantam, hoje, devem ser os netos dos que pousavam em minha janela, com quem eu conversava sobre minhas tristezas ou compartilhava minhas alegrias vividas ali.
Hoje, o apartamento é seu por direito, mas me permita deixar um pedaço vivo de mim dentro dele. Ali deixei como herança uma história de vida, às vezes, linda, outras, devastadora.
As árvores frondosas, orgulho de todo o bairro, muitas vezes embalaram, ao som do vento, minhas esperanças, e, a cada gorgeio de um novo pássaro que começava a dar seus primeiros trinados, eu nascia novamente, acreditando que tudo na vida é transitório, como na natureza.
Essa janela dá para o mundo, sim, Dr. Dilto! E os pássaros que pousam e cantam para o senhor hoje já não são mais os “meus pássaros”. Pois, assim como eles crescem e deixam o ninho para se aventurarem por outras paragens, os meus filhos também voaram atrás de suas escolhas em outros lugares.
E como meu ninho aí estava vazio, resolvi tomar outros ares, e digo isso sem tristeza, pois aprendi, com os pássaros, que chega um momento em que, se os filhos não abandonam o ninho, a gente mesmo os força, com um leve empurrãozinho a voarem sozinhos.
Um abraço e felicidades na nova morada.
Martha Mansur