Na espuma do
mar revolto,
escondo meu relicário.
As ondas rebeldes
querem roubar
meus segredos,
que foram
consagrados no
altar do
meu sofrimento.
Mar, amigo
e carrasco
por que me
maltratas assim?
Bem sabes
que meu amor
foi sempre infinito
por ti.
Tragaste minha
feliz infância,
enquanto em
tuas águas
me banhava,
esperando o amanhã
que viria, solitário
para lavar minha alma.
Oh ,mar, por que?
Fizeste naufragar
minha juventude
sepultando-a na
tua imensidão.
Agora queres
também levar
os meus sonhos?
Não!
Eles são
muito meus.
Acalentados por
uma vida inteira,
mesmo sem saber
se um dia
seriam reais.
Mas são os
meus sonhos.
Ninguém os
tirará de mim.
Neles dorme
a criança que
fui,um dia.
Neles repousa
a juventude que
não foi.
Mas são
os únicos
que me restam.
Palpitantes
Acariciados.
Guardados no baú
da minha
maturidade.
Foram a
minha vida
e serão a
minha morte.
Pelo menos
hoje, meu mar
faz de conta
que são meus
e deixa-os
comigo
Themis Groisman Lopes
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