domingo, 26 de setembro de 2010

ARCABOUÇO



Em cima daquela torre

O músico e a bailarina

De noite tomavam porre

De dia faziam rima



Desciam pelas escadas

Cantavam pelas esquinas

Voltavam embriagados

Num rastro de purpurina



Até que a ventania

Desnudou a bailarina

Destruindo a melodia

Arrancou-lhe a fantasia



Poeta bebeu saudade

Vagou pela noite fria

Trôpego pela cidade

Procurando a bailarina



Não encontrando pousada

Procurando companhia

Voltou à torre encantada

Mas só fantasmas havia



E o poeta, em sua sina,

Subiu à torre e maldisse

Seu amor pela meiguice

Da lânguida bailarina



Assim, de dor consumido,

Foi descendo aquela escada

Caminho tão percorrido

Junto de sua amada



Até encontrar o porão

Onde ficou para sempre

Prisioneiro de si mesmo

De seus sonhos, da canção

Prisioneiro do amor

E da imensa solidão.

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